DB – A SIGLA QUE MUDOU A ASTON MARTIN
- resmartinez
- 5 de ago. de 2016
- 7 min de leitura
Com entrega das últimas unidades do DB9, Aston Martin inicia a produção do DB11

Em 1947, trinta e quatro anos após a sua fundação e com o fim da Segunda Guerra Mundial, a fabricante de automóveis Aston Martin encontrava-se em dificuldades. Foi quando David Brown, um industrial do norte da Inglaterra, comprou a companhia por pouco mais de 20 mil libras esterlinas. Apesar de seus negócios anteriores não envolvessem automóveis, esse universo não era desconhecido por Brown. Rapidamente, ele tratou de melhorar o protótipo de 1939, Atom, que resultou no veículo apresentado no London Motor show de 1948, o Two Litre Sports, mais tarde conhecido como DB 1.
No ano de 1950 o DB 2 é apresentado ao público em Nova York. É a primeira vez que a sigla aparece, trazendo com ela sucesso nas corridas de Le Mans e Sebring graças à união orquestrada com perfeição por Brown entre o chassi Aston Martin e o motor seis cilindros derivado do Lagonda – empresa comprada por ele antes da Aston Martin. Foram mais de 400 exemplares produzidos até 1953, quando o último deixou a fábrica.
As vitórias nas pistas fizeram com que David tivesse ainda mais vontade de investir no desenvolvimento dos Aston Martin, especificamente nos carros de corrida. Resultando no DB2/4 e DB Mark III, modelos com qualidade de engenharia e performance muito altas. Eles formam a base para os modelos subsequentes, possuindo muitas das características de estilo icônicas ainda presentes dos clássicos, entre elas a grade frontal introduzida nos modelos DB 2, 2/3 e Mark III.
Mark III e DB 4 tiveram seus desenvolvimentos iniciados ao mesmo tempo. Mas o que diferencia o DB 4 e o torna notável é tratar-se do primeiro carro capaz de ir de 0 a 100 milhas por hora e frear de volta a zero em menos de 30 segundos. O feito foi possível por contar com um motor de 3.7 litros e a carroceria Superleggera – desenvolvida e patenteada pela Carrozzeria Touring. Trata-se de um método de construção no qual painéis de alumínio são fixados a uma armação tubular que forma o corpo do carro, permitindo maior leveza e rigidez.
Um ano depois, em 1959, uma nova versão chega ao público, o DB 4 GT, com um chassi mais curto e 85 kg a menos, além de faróis melhores e um motor 3.7 litros com três carburadores Weber. Ele foi concebido para ter bom desempenho tanto nas estradas quanto nas pistas, indo de 0 a 100 km/h em apenas 6 segundos e chegando a incríveis 241 km/h.
Marco ainda maior é o DB 4 GT Zagato, apresentado em 1960. Com uma carroceria super leve em alumínio, criada pela famosa Zagato, e vários componentes das rodas trocados por alumínio, ele era 40 kg mais leve que o seu antecessor. Foram modificações feitas pensando em vencer nas pistas, já que o modelo anterior não havia conseguido. Com apenas 19 exemplares construídos, o modelo tornou-se um dos mais valorizados entre os colecionadores de automóveis.
Bond, James Bond
Em 1963, a Aston Martin apresentou o DB 5, carro de James Bond em 007 contra Goldfinger. O mesmo se torna conhecido como o mais famoso do mundo. Apesar de um exterior que em muito lembra o DB 4, sua mecânica revela outra realidade. Com um motor de quatro litros e três carburadores SU – o que já demonstra o nível técnico da engenharia proposta, uma vez que fazer com que funcionem em sincronia é uma verdadeira arte -, a introdução do câmbio ZF de 5 marchas e vidros elétricos, o modelo foi um grande avanço da marca e o sonho de consumo de muitos estudantes e seus pais. As versões DB 5 Vantage – que contava com três carburadores Weber e eixo de comando diferenciado oferecem desempenho ainda melhor. O DB 5 conversível e DB 5 ‘shooting brake’ vieram em seguida.
O DB 6 tem no design a marcante Kamm Tail – traseira inclinada e com corte abrupto – que propicia melhor estabilidade ao atingir alta velocidade. A distância entre rodas e a altura do teto aumentadas atribuem ao esportivo um conceito mais família. Quem não quisesse optar pela carroceria fechada poderia ficar com a versão Volante – como passaram a ser chamados os conversíveis da Aston Martin a partir daquele momento.
O DBS deveria substituir o DB6 em 1967, mas com tamanho sucesso a produção do modelo só parou em 1970. Os primeiros DBS trazem motor seis cilindros de 3,9 litros, o mesmo do modelo anterior – já que o motor V8 com o qual deveria ser lançado não estava pronto. O design desenvolvido pela Carrozzeria Touring mostra linhas retas e limpas, um carro verdadeiramente quatro lugares. A adoção do eixo traseiro De Dion abandona o padrão dos modelos anteriores, mas sua grade não permite erro, trata-se de um Aston Martin. A versão Vantage apresenta eixo de comando revisado garantindo melhor desempenho ao quatro lugares. Presente em 007 – A Serviço Secreto de Sua Majestade, o segundo Aston Martin na saga do agente James Bond marcou o intervalo de 18 anos até que outro veículo da marca estivesse nos filmes de 007.
Depois do espião
O DBSV8 finalmente chega com o aguardado motor de oito cilindros em 1969, tornando-se o carro de quatro lugares mais rápido de sua época, alcançando 257 km/h. Nesse veículo aparece pela primeira vez em um Martin o freio a disco ventilado. O DBSV8 foi produzido até 1972, ano em que empresa é comprada pela Company Developments Ltd e depois de adotar faróis individuais. Foi no mesmo ano que o veículo passou a ser chamado de AMV8.
Após duas mudanças de donos e da aquisição de 75 % das ações pela Ford Motors, a Aston Martin voltou a focar no que tem como DNA, os carros esportivos. É 1993, depois de 21 anos da fabricação do último DB, que um novo veículo da marca volta com a sigla.
O DB7 surge no mesmo ano em que a Ford se torna única dona da Aston Martin. O design de codinome NPX, concebido por Ian Callum, – atual diretor de design da Jaguar – tem motor seis cilindros supercharged Tom Walkinshaws TWR, feito de liga leve. É o primeiro DB com injeção eletrônica. A versão
Volante aparece três anos depois.
Seis anos depois o DB volta à cena, permanecendo até 2003. Trata-se do DB 7 Vantage e do DB 7 Vantage Volante. Portando motorização totalmente nova, eram V12 de 425 cavalos e capacidade para ir de 0 a 100 km/h em 5 segundos. O câmbio apresenta opção manual de 6 marchas ou automático de 5 marchas, este último com o Touchtronic, que garante uma experiência interativa e dinâmica ao condutor. O interior luxuoso com o acabamento em couro e a possibilidade de escolher o revestimento Wilton Carpet em madeira ou painéis de fibra de carbono. Duas novas versões do DB 7 foram feitas em 2002, o GT, com 15 cavalos a mais, e o GTA (automático Touchtronic) mantendo 420 cavalos. Ambos contando com grades de ventilação no capô. O DB 7 Vantage estabeleceu um novo patamar para os esportivos de luxo.
Em 2003 e 2004 foram fabricadas duas variantes icônicas do DB 7, ambas edições colecionáveis com apenas 99 unidades cada. O coupê DB 7 Zagato tem corpo em aço e destaque para o teto ‘double-bubble’ – desenho do teto abaulado – e a traseira realmente única, com a abertura da tampa do porta-malas para baixo. Sob o capô estão 446 cavalos comandados pelo câmbio de 6 marchas manual. Seu único defeito é não ter sido oferecido no mercado americano devido a problemas de homologação.
A inglesa investe então na criação de um Roadster, que é oferecido somente nos Estados Unidos. Surge assim o DBAR1- American Roadster 1. O conversível tem como base o chassi do DB 7 Volante, mas é estilizado pela Zagato. Similar ao DB 7 Zagato, o desenho da parte traseira do corpo do veículo remetendo ao teto ‘double-bubble’. Pensado para climas ensolarados, ele não possui capota, apenas capa protetora para os bancos.
O DB9 foi lançado em 2003. A marca optou por pular o número oito, já que poderia dar a impressão de ser um carro com motor de oito cilindros. Foi o primeiro desenvolvido no atual headquarter da Aston Martin, em Gaydon. Herdando 50 anos de existência da linha, ele assim como seus antecessores combina o melhor do design e engenharia da época.
Criado para ser o novo ícone na gama de modelos da Aston Martin. O DBS é a síntese do poder, excelência em design e tecnologia de uma marca nascida para as pistas. O seu debut é um espetáculo a parte, pilotado por James Bond em 007 – Casino Royale, o carro estabeleceu ainda um recorde mundial, virando sete vezes após o capotamento.
Anunciado recentemente, o DB 9 GT é a expressão da elegância em um grand tourer, que ecoa a herança de todos os DBs GT. Sutileza nas formas por fora e um novo sistema de entretenimento por dentro. Intuitivo e fácil de navegar o sistema AM III completa bem o interior luxuoso, que conta com bancos de couro canelado, sem dúvidas despertando a vontade de dar a partida e escutar o potente motor de 547 cavalos funcionando.
O ano de 2014 trouxe o DB 10, veículo produzido especialmente para James Bond usar em 007 – Spectre, o 24º filme da saga e 12ª aparição da Aston Martin. É um carro que por si só simboliza o agente secreto, e que fez por merecer o documentário sobre sua construção.
Este ano se inicia a produção do DB11, considerado o modelo mais importante desde o lançamento do DB 9 e o primeiro produto lançado sob o plano do ‘Segundo Século’. Destemido, ele combina uma nova plataforma em alumínio e o novo motor V12, agora de 5.2 litros. Apresentando uma forma repensada do elo entre design e função, o capô tem linhas acentuadas e faróis de LED, enquanto a traseira traz linhas limpas com tampa inclinada que combinada às novas luzes cria um gráfico como marca registrada. Um verdadeiro gentleman do século XXI, ele tem múltiplas maneiras de direção, selecionadas por quem o guia, e um sistema avançado de entretenimento que inclui duas telas desenvolvido em parceria com a Daimler AG. Mas, quando pressionado esse cavalheiro mostra seu lado feroz indo de 0 a 100 km/h em 3.9 segundos e toda sua potência chegando a 321 km/h.
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